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Brindemos

Quando falam de coquetel, você lembra de liquidificador? Então reveja seus conceitos. Originados na idade média, quando a intenção era tornar menos desagradável o sabor das rudimentares bebidas da época, somente por volta de 1850 o nome “cocktail” apareceu e tem sua origem atribuída a vários personagens e situações que vão desde penas do rabo de galos (cocktails em inglês) usadas para mexer ou decorar as bebidas, até um drink delicioso, preparado por uma mexicana linda de nome Coct. Especulações a parte, o fato é que seja para estimular o apetite, o animo, como digestivo, ou apenas para refrescar e divertir, o coquetel é uma excelente pedida. Os verdadeiros coquetéis estão em toda parte e a cada dia novas combinações são criadas e novos e interessantes drinks vão surgindo ou voltando com novas roupagens. A mixologia, técnica que levou o coquetel pra dentro do laboratório, abriu um leque de situações sem limites que vão desde bebidas em pasta até vodka em pastilhas ou caviar.

E pra cumprir sua missão, além de agradável o coquetel precisa ter apresentação, charme. Vender um coquetel é acima de tudo sedução. Ela começa no preparo e estende-se até uma impecável apresentação final. Um rosto bonito ajuda muito. Tom Cruise arrancou suspiros das mulheres em Cocktail (filme – 1988). Barmans e barwomans ficam mais sexy’s preparando coquetéis ou estes parecem mais gostosos preparados por bartenders charmosos? Você decide. Na televisão, as descoladas Carrie, Charlotte, Miranda e Samantha da badalada série de TV americana e filmes “Sex and the City” tornaram famoso e popular, o antigo Cosmopolitan. Na série, as protagonistas viam-se nos bares da Big Apple discutindo seus conturbados relacionamentos ao sabor do delicioso drink. Carrie,  vivida por Sarah Jessica Parker, em determinado episódio, diz que o drink é a única solução para dar um fim digno ao seu conturbado dia.

Então, com ou sem álcool, da próxima vez que for a uma festa ou um barzinho, arrisque-se. Você não vai se arrepender. Para os que quiserem começar em casa deixo a idéia do nova-iorquino Cosmopolitan. 40 ml de suco de cranberry, 50 ml de vodca, 20 ml de licor de laranja (Cointreau), 10 ml de suco de limão, 6 a 8 usos de gelo e uma tirinha de casca de laranja ou limão para decorar. Bata delicadamente todos os ingredientes (menos a decoração) numa coqueteleira. Transfira a bebida para um copo de short drink previamente gelado. Dobre a casca de laranja, coloque-a dentro do drinque ou na lateral do copo e sirva.

(Texto que deu origem a coluna homônima)

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Brindemos ao primeiro ano de Preto no Branco

            Aniversário é tudo de bom! E na comemoração de um ano de Preto no Branco que tal brindarmos com uma bebida que completa vários aniversários antes de ser servida? Na verdade, em média, são mais de oito aniversários, muita técnica, preparação e cuidado antes de ir para o copo.

É ele mesmo, o velho whisky. Originário da Escócia, ele é chamado de whisky se a origem for a Escócia e região ou whiskey se a origem for americana ou outras regiões, embora esta regra não seja muito seguida. Para os brasileiros é simplesmente uísque.

Whisky é um destilado de vários cereais algumas vezes maltados. A enorme variedade de combinações de grãos somada as diferentes regiões onde é produzido e os processos de envelhecimento ou amadurecimento faz com que a bebida tenha uma enorme gama de tipos, sabores e gradações alcoólicas.

Se você é bebedor de whisky com toda certeza terá seu preferido. Envelhecido ou amadurecido em média por mais de 8 anos, o destilado tem muitas histórias para contar, sejam elas referentes ao seu processo de fabricação ou histórias que envolvem seu consumo ou as pessoas que o criaram. A bebida conta através do copo. Pelo aroma, cor e paladar podemos saber se foi amadurecido ou envelhecido, qual grão predomina na composição e até mesmo por quanto tempo esperamos para saboreá-lo. Claro que é preciso uma técnica, olfato e paladar muito apurados para tal feito.

Sobre os fatos que cercam sua produção a bebida traz ainda mais histórias. Alexander Walker registrou em 1877 o nome do conhecido whisky Johnnie Walker em homenagem a seu pai, John Walker falecido em 1857. A saga da destilaria, passada de pai para filho por gerações é usada hoje para simbolizar a campanha da marca: caminhando sempre. O Black & White foi criado por James Buchanan, do também famoso Buchanans, e se tornou o primeiro Scotch servido na Câmara dos Comuns do Reino Inglês, o equivalente a nossa câmara dos deputados. Agora sabemos por que o parlamento inglês debatia tanto! Os cachorrinhos da logomarca, um Scottish Terrier preto e West Highland Terrier branco foram criação do próprio James Buchanan e foram adicionados a marca em 1890.

Porém ninguém tem mais histórias que meu xará, Mr. Jack Daniel. Controverso e singular, sua história é cercada de fatos interessantes e curiosos. Sua criação mais famosa, o whiskey Jack Daniel’s tem em seu rótulo uma referencia a Old No 7 Brand, porém Jack faleceu sem dizer a que se referia o número 7 resultando em dezenas de especulações sobre seu significado. Dizem que é a sétima tentativa de mistura de sabores, do barril No 7 onde foi guardado, da locomotiva de número 7 que levava os barris, que seria um J em sua indecifrável letra ou até que seria referência as suas supostas sete namoradas. Sim, Jack era um mulherengo. Ao lado de seu túmulo descansam duas cadeiras, supostamente para que suas amantes o visitem. E sobre seu túmulo existe uma lápide, que tem data de falecimento, porém sua data de nascimento é controvérsia já que um incêndio destruiu os dados referentes a seu nascimento. Mr Jack não teve filhos, seu único legado foi o whiskey que hoje é um dos mais vendidos no mundo. Destilado de milho, sua filtragem a base de carvão e seu amadurecimento em barris de carvalho previamente queimados resultam em uma bebida caramelizada e amadeirada. Particularmente um dos meus preferidos.

Whisky além história tem etiqueta: Jamais mexa o gelo com os dedos; Apesar de usual, não misture nada a bebida sob a pena de destruir anos de trabalho duro; E bourbons ou similares, como o Jack Daniel’s são preferencialmente servidos sem gelo! Saúde!

(Texto publicado na revista Preto no Branco, Ano 1, 6a edição, em outubro de 2011)