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Quanto custa o seu drink?

Vejamos, dez centavos de açúcar, dez centavos de gelo, cinquenta centavos de fruta, um real de vodka, salário do barman, valor do ambiente… Salário do barman? Valor do ambiente? Quanto isso custa num drink?

Com poucos números podemos chegar a um valor razoável para estes itens no preço de um drink, mas na verdade qual é o real valor da minha bebida? Qual o preço do ambiente? Quanto vale a decoração do bar, o requinte do restaurante, a experiência de quem serve? O que adquirimos é a soma do que realmente vale com o quanto estamos dispostos a pagar por ele. E com as bebidas esta relação é bem nítida.

Um vinho de mesa custa em torno de vinte reais (maio/22). Um bom vinho, mais nobre, custa sessenta reais. Um vinho raro, de boa seleção e safra pode custar mais de mil reais. Existe tamanha diferença? Há esse abismo de sabor? Todos são feitos de maneira semelhante e o resultado final, respeitando as diferenças e requintes de cada safra, seleção e origem é apenas um vinho. Na verdade a diferença existe sim, mas não representa tamanha divergência de valores. O valor da maior parte das bebidas esta ligada diretamente a exclusividade. Quanto menor o circulo de consumo da bebida mais ela custará.

O serviço oferecido também é um fator relevante. Existem bares, pubs e restaurantes que contam com o serviço de renomados bartenders e seus drinks custarão obviamente mais do que aqueles preparados num bar mais simples. Se estiver num desses ambientes, aproveite. Por que não dirigir-se ao barman e ao fazer o pedido, soltar aquela expressão máxima do degustar: – Surpreenda-me!

Dinheiro compra exclusividade e isso se aplica as bebidas. O mercado de cervejas, por exemplo, antes reduzido a meia dúzia de grandes marcas hoje com o crescimento da economia se propaga por inúmeras cervejarias de pequeno porte que produzem cervejas especiais e exclusivas. Hoje é possível encontrar em vários barzinhos, além das cervejas importadas de renome, cervejas nacionais do tipo Ale, Weiss e até Champenoise. E se o dinheiro hoje compra cerveja, milhares de anos atrás ela era usada como pagamento. Na antiga Mesopotâmia a bebida era dada aos funcionários mais importantes como forma de gratificação.

Aliás, esse papo de cervejas da uma vontade de gastar uns trocados no happy hour. Coisa que também não foi inventada por mim, nem por você, nem mesmo por nossos avós. Os egípcios distribuíam cerveja aos operários que trabalhavam na construção de pirâmides após um dia de trabalho. Carregar aquelas pedras não era moleza, acho que por isso tem dias que nossos genes parecem pedir um happy hour!

Ainda dentro do bar, existe um costume em estabelecimentos que fazem o estilo mais antigo, de servirem algum tira-gosto gratuito (amendoins, batatinhas ou afins) a quem se senta a mesa para beber. No Brasil este costume não é comum, mas nos Estados Unidos, Europa e algumas capitais latinas esta prática é amplamente usada. Vale lembrar que na verdade ninguém lhe dá nada de graça. O sal contido nos aperitivos estimula a sede, a diurese, e você acaba bebendo mais. Salt is Money!

(Texto publicado na revista Preto no Branco, Ano 2, 7a edição, em maio de 2012)