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Sexo e Banco Imobiliário

Banco Imobiliário

Distraído, inebriado e perdido entre seus olhos e seus seios ele não sabia em que ponto o assunto havia chegado ao sexo.

Comecei muito pesado, muito direto ao ponto? Bem, sexo é muito relativo. Eu poderia ter sido sutil e mencionado seu ‘colo’, ou poderia ter sido mais grosso e dito logo ‘peitos’. Se esta conversa fosse com minha ex ela diria com certeza que estava sendo grosso, rude e mal educado.

Mas este conversa era entre ele e Ivna.

Quando digo conversa me refiro deste ponto em diante, porque antes disto ele não recorda nada do que ela disse tamanha era sua distração. Ele com certeza ativara um recurso disponível somente a classe masculina. O dispositivo consiste em quando a conversa for menos agradável que a outra coisa, ficamos pronunciando prolongadores de papo do tipo: humrum, é, hum, verdade, com certeza, e por aí vai. Porém quando o assunto é sexo a coisa muda de figura. Ah, o sexo.

Ela contava que uma amiga estava com problemas no relacionamento pois seu companheiro aparentava não gostar muito de sexo.

– Não gosta de sexo, pergunta ele. – Todo mundo gosta de sexo.

E num tom ao bom estilo professora e um olhar desmerecedor ela explica. – Todos gostam de sexo. Como dizem, sexo até quando é ruim é bom. Mas algumas pessoas REALMENTE gostam de sexo.

– Como assim, ou gostam ou não gostam! Insiste ele tentando devolver o mesmo olhar superior sem sucesso.

– Querido, diz ela inserindo uma pausa estratégica.

Querido é uma conquista feminina. Querido quer dizer, longe do que era antigamente quando uma esposa mostrava seu afeto ao marido, que falta muito pouco para você perder até a chance de se expressar novamente. Querido virou um carinho-tapa na cara. Se você tiver o infortúnio de receber este tratamento, pisou na bola, é fato.

– Pra você me entender, sexo tem que ser como um jogo tipo WAR ou Banco Imobiliário. Completa Ivna.

– Iv, Banco Imobiliário? Aqueles jogos de tabuleiro? O que isso tem a ver com sexo?

– Simples, todos fazem sexo pelo prazer, certo? Mas e se além de prazeroso for divertido, algo que faça você não querer mais para de ‘jogar’?

-Tá, tem toda minha atenção, completa ele, já assumindo a ignorância do fato e obviamente gostando do que pode vir.

– Fofo, quando a gente gosta é divertido, a gente busca coisas novas, não fica naquele arroz com feijão, entende?

– Brinca com o corpo do parceiro e com o seu próprio. O prazer vai rolar de todo jeito.

– E tem mais, você apreende com o jogo. Com a prática você vai descobrindo o que funciona e o que não. Inclusive o que funciona com um ‘adversário’ e não funciona com outro. Tem gente que faz sexo rotineiro com mais de uma pessoa, desculpa ae! Emenda ela soltando um sorriso irônico.

– Sim, mas e tem algum truque pro sexo ficar mais gostoso? Pergunta ele, querendo apimentar o nível da conversa.

– Fofo. Pra isso você digita no Google: apimentar a relação, que vão aparecer milhões de sugestões. Não sou professora de sexo, ok? Agora uma coisa eu digo, se você realmente gosta de sexo, você nasceu com isso. Porque isso não se aprende.

– Admito até que alguém possa ter nascido com essa sede e não tenha se descoberto ainda, mas se não nasceu, você vai continuar apenas fazendo sexo até o fim dos seus dias. Completa ela em tom de fim de papo.

– Bom, eu gosto muito de sexo, e acho que gosto mais a cada dia, argumenta ele, querendo manter-se vivo na conversa e nas possibilidades que podem vir dela.

– Talvez você esteja se descobrindo, ameniza Ivna, dando um fio de esperança ao rapaz e tomando um gole da sua saquerinha.

– Você se enquadra nessa lista dos que realmente gostam de sexo? Pergunta ele.

– Querido, eu aaaaaamo sexo. Essa historia de passar meses sem nada como algumas amigas dizem passar pra mim é incogitável!

– Então quem sabe a gente podia jogar um ‘Banco Imobiliário’ e atestar nossos conhecimentos no assunto, diz ele já escolhendo mentalmente o motel.

– NÃO!

Ivna é para poucos!