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Louco

Distraído em meio ao trabalho não noto quando seu “nick” entra em meio a lista do meu MSN. Talvez ela até já estivesse on-line. São quase 19h quando ela me chama. – Você ainda está ai? Pergunta ela. Não vou mentir que pensei em responder algo do tipo, “esperando você” ou “só estou pra você”, mas me contive e apenas informei o que fazia até aquela hora no trabalho. Depois de um papo curto, ficamos de sair pra jantar se não ficasse muito tarde. Nada certo.

Já em casa, a idéia do jantar me pareceu pouco provável e acabei comendo algo por ali mesmo e me deitei pra ver TV. Porém, quando já eram quase nove, uma mensagem chega com o intuito de formalizar o jantar pré-combinado. É fato que já havia jantado, mas como sua companhia é sempre tentadora e meu juízo pequeno, resolvi ir.

Chegando ao restaurante, aguardei por alguns minutos até ter sua companhia. Enquanto bebericava uma caipirinha o telefone toca. A cabeça dá meia volta e lá vem ela. Um sorriso de menina sapeca, num corpo mulher, vestida seriamente para fazer jus ao posto que ocupa. Indecisa sobre a posição na mesa, acaba por sentar-se ao meu lado. Fica até mais próxima que frente a frente, separados pela mesa, mas perde-se aquele olho no olho. Enquanto conversamos tenho certeza que nossos pensamentos processam idéias diferentes. Ela me conta, detalhadamente, seus últimos dias e enquanto isso meu pensamento viaja, bem longe.

Os pratos demoram a chegar e entre uma conversa e outra eu não consigo deixar de brincar com nosso relacionamento e suas possibilidades. Ela, como sempre, desconversa. Depois de algum tempo, uma chuva nos faz mudar de lugar. A nova mesa, menor, nos coloca de frente um para o outro. A esta altura eu provavelmente já não disfarço meu desejo. Olho seu rosto e vou descendo, vendo cada pedaço de seu corpo acima da mesa. Somo o pouco que a roupa não esconde com imagens de seu corpo nu que guardo na memória. Centímetro a centímetro, seu corpo é moldado na minha cabeça. Por vezes disfarço a falta de atenção com um jogo que se passa numa TV próxima.

O tempo passa, e meu tempo acaba. É tarde, e estamos no meio da semana. Volto pra casa, me perguntando o que me faz repetir estas coisas. O que me tira de casa pra encontrar uma pessoa que me provoca mais que tudo e a troco de nada. Não preciso muito tempo pra chegar à mesma resposta de sempre. Prazer. Acredito que algumas pessoas podem até achar estranho, mas o prazer de sua companhia é maior que muitas coisas. Sexo? Ah, com certeza é e seria novamente fantástico, mas prefiro estes jogos inacabados ante a sua total ausência.

Sofro de loucura? Não, desfruto dela a cada minuto!